terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Misterio da Ciencia: Floresta de Uganda o local de Origem do Vírus Zica


Uganda: Por que o berço do zika nunca teve nenhum surto?

Segundo virologista Julius Lutwama, tipo de Aedes encontrado no país prefere animais a humanos; mutação pode estar relacionada a desmatamento.

 A floresta Zika não é tão conhecida em Uganda. Na verdade, a maioria das pessoas nem sequer sabe exatamente onde ela fica.

No idioma local, zika significa algo como “uma vegetação que cresceu demais, que tomou conta do lugar”.

De fato, há uma densa vegetação no local, com uma ampla variedade de árvores e muitos animais. As únicas pessoas com quem você pode se deparar por ali são o guarda florestal e sua família, que moram em uma pequena casa feita de chapas de ferro.

Foi bem no meio dessa floresta que, em 1947, um novo vírus foi descoberto. Na época, o local servia de palco para pesquisa

Uma equipe de cientistas de Uganda, dos Estados Unidos e da Europa estava ali para pesquisar uma outra doença viral, a febre amarela.

Enquanto testavam macacos rhesus na floresta, eles se depararam com um novo microrganismo, que batizaram de zika

Um Aedes que não pica

Mas apesar de ser o “berço” do zika, apenas dois casos de contaminação pelo vírus foram confirmados em Uganda em todos esses anos.

O principal motivo é o que os tipos de mosquito que transmitem o vírus a humanos não costumam entrar em contato com a população local.
pesquisas científicas no leste da África. , é preciso dizer, ele foi descoberto por acaso
. Isso mesmo.

Mas cientistas do laboratório local monitoram com atenção os tipos de mosquitos que circulam em Uganda, para identificar rapidamente caso algum dos eficazes em transmitir doenças, como o Aedes presente no Brasil, entre no país.

Floresta destruída

A maior parte da floresta Zika, que beira uma estrada entre a capital Kampala e o Aeroporto de Entebbe, está sendo destruída por projetos de infraestrutura.

Novas casas com telhados recém-colocados cercam o que sobrou da floresta. É nessa área que os cientistas fazem as pesquisas.

A vários quilômetros dali está o instituto de pesquisa que analisa o vírus. Ali, medidas de segurança são levadas muito a sério, porque o local guarda amostras de organismos perigosos, responsáveis pelo ebola, zika e febre amarela.

Apesar de ter sido isolado pela primeira vez por cientistas no final da década de 40, o vírus zika ─ transmitido pelo mosquito Aedes aegypti ─ nunca se tornou uma epidemia em Uganda, onde foi descoberto no sangue de macacos.

Ali, na floresta de Zika, na região central do país, o vírus adquiriu contornos diferentes do que no Brasil, que vive atualmente um surto da doença
Mas, em Uganda, tampouco houve registros de má-formações congênitas.
Além disso, entre 1947 a 2007, quando foi registrado o primeiro surto de zika fora da Ásia e da África (nas Ilhas Yap, na Micronésia), foram apenas 14 casos confirmados no mundo.

O que explica então a ausência de um surto de zika no país africano?

Motivos
Segundo Julius Lutwama, principal virologista do Instituto de Uganda de Pesquisa de Vírus (Urvi, na sigla em inglês), o motivo se deve, em grande parte, ao tipo de Aedes aegypti encontrado em Uganda.

"Em Uganda, a subespécie de Aedes aegypti que temos ─ o Aedes aegypti formosus ─ é diferente da daquela encontrada na América do Sul, o Aedes aegypti aegypti.

 O mosquito daqui pica mais animais do que humanos", explica ele à BBC Brasil.

"Esse mosquito vive na floresta e costuma se alimentar à noite. Mesmo que um ser humano seja picado e venha a desenvolver a doença, a probabilidade de ela se alastrar é baixa, por causa da ausência do vetor nas áreas urbanas. Ou seja, se não há mosquitos para espalhar o vírus, dificilmente haverá uma epidemia", acrescenta.

Outro fator, destaca Lutwama, envolve características geográficas e climáticas de Uganda.
Segundo ele, diferentemente de outros locais que enfrentaram surtos de zika, o país manteve suas florestas razoavelmente intactas, preservando o habitat natural do mosquito.

"Esse mosquito vive predominantemente nas florestas.
 Com o desmatamento, acreditamos que ele tenha
migrado para as zonas urbanas e evoluído, passando a se alimentar do sangue de seres humanos", diz ele.


Nesse sentido, a forte predominância de chuvas, típicas do clima de Uganda, também teria contribuído para evitar uma epidemia da doença.

"Aqui em Uganda chove muito e, por isso, a população não costuma armazenar água em casa", argumenta.
"Mas nos países africanos que desmataram suas florestas, como no oeste da África, por exemplo, o mosquito migrou para as áreas urbanas e acabou encontrando um ambiente perfeito, pois precisa de água parada para se reproduzir".


Lutwama diz acreditar ainda que a população ugandense teria desenvolvido imunidade à doença, devido a "diferentes flavivírus" (vírus transmitidos por carrapatos e mosquitos) encontrados na região, como dengue, chikungunya e O'nyong'nyong, todos transmitidos pelo mosquito Aedes aegypti.

"Como temos outras doenças muito semelhantes ao zika, como dengue, chikungunya e O'nyong'nyong, acredito que possa ter havido algum tipo de imunidade cruzada.

 Dessa forma, quem já contraiu algum desses vírus, teria menor vulnerabilidade a uma nova infecção", observa.

E devido ao baixo número de casos da doença em Uganda, acrescenta Lutwama, não foi possível estabelecer nenhuma relação entre o vírus e a microcefalia.


"Diferentemente do Brasil, não temos um número suficiente de casos de zika para comprovar qualquer associação entre o vírus e essa má-formação congênita em fetos", afirma.

Brasil
Principal pesquisador do Uvri, instituto criado em 1936 com financiamento da Fundação Rockefeller, dos Estados Unidos,

 Lutwama diz que ele e sua equipe vêm realizando um trabalho de prevenção para evitar que a subespécie latino-americana se espalhe em Uganda.

"Coletamos e monitoramos amostras de sangue de pacientes de todo o país. São medidas preventivas importantes", assinala ele
.
Lutwama cita o caso dos Estados Unidos, onde o Aedes aegypti ─ virtualmente inexistente há alguns anos ─ já é encontrado em regiões com temperaturas mais amenas, como o Estado da Flórida


 www.sciencemag.org
https://www.publico.pt/mundo/noticia/a-fama-subita-da-floresta-do-uganda-onde-apareceu-o-virus-de-zika-1721986
 http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/01/160130_floresta_zika_mdb
.

Nenhum comentário:

Postar um comentário